sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Sobre Franz Marc

Franz Marc, nascido Franz Moritz Wilhelm Marc (Munique, Alemanha, 8 de fevereiro de 1880- Braquis, França, 4 de março de 1916), foi um dos mais influentes pintores representantes do movimento expressionista naAlemanha.
Filho de Wilhelm Marc, um pintor profissional de paisagens, e de Sophie Marc, uma estrita calvinista, descendente dos huguenotes que se estabeleceram na Alsácia, decidiu iniciar seus estudos na Academia de Belas Artes de Munique, em 1900, depois de passar pela filosofia e pela teologia. Suas primeiras criações foram paisagens, de estilo naturalista. Graças ao seu excelente domínio do francês, que lhe fora transmitido pela mãe, durante duas temporadas que passou em Paris (1903 e 1907), descobriu o impressionismo e sobretudo uma grande afinidade com a obra de Vincent Van Gogh.
Em 1910, fez amizade com os pintores August MackeGabriele Münter e Wassily Kandinsky. Com eles e outros pintores dissidentes do movimento Neue Künstlervereinigung, fundou o grupo Der Blaue Reiter ("O cavaleiro azul"), em 1911.
Franz Marc entendia a religião como um componente importante do processo criativo e assumia a arte como um meio para representar, de forma quase onírica, a verdade oculta e íntima da realidade. Assim, a sua pintura foi-se gradualmente libertando da referência cromática naturalista ou realista e passou a imprimir à cor uma forte conotação espiritual: vermelho representa a matéria, o azul é o elemento masculino e o amarelo é o elemento feminino.
Nas telas "Grandes Cavalos Azuis", de 1911, e "Pequenos Cavalos Amarelos", de 1912, percebe-se a dupla temática presente no seu trabalho: o cavalo, símbolo de força, e a cor intensa e luminosa utilizada como metáfora sexual. 
Influenciado pelo uso da cor de Robert Delaunay, gradativamente sua obra se aproxima do futurismo e do cubismo e para a crescente abstração, até culminar na abstração expressiva. O tema é a força vital da natureza, o bem, a beleza e a verdade do animal, que o autor não vê no homem.
No ano seguinte, abandonou qualquer referência figurativa realizando a sua primeira tela inteiramente abstrata.
Na Primeira Guerra Mundial, Franz Marc apresentou-se como voluntário. Em 1916, em Gussainville, durante a Batalha de Verdun, foi atropelado por um ônibus, quando realizava missão de reconhecimento. Morreu aos 36 anos.

Galeria[editar | editar código-fonte]

Obras principais[editar | editar código-fonte]

  • Dois Gatos, Azul e roxo (1912)
  • Cachorro caído na neve (1910-1911) e umas da mais famosas
  • Vaca amarela (1911)
  • Cavalo azul (1911)
  • Cervos na neve (1911)
  • O tigre (1912)
  • O destino dos animais (1913)
  • Raposas (1913)
  • Três gatos (1913)
  • Tirol (1913-1914)
  • O cordeiro (1913-1914)
  • Combate de formas (1914)

Sobre Wassily Kandinsky

Wassily Kandinsky (em russoВасилий КандинскийMoscou16 de dezembro de 1866 (4 de dezembro no calendário juliano, então em vigor na Rússia) — Neuilly-sur-Seine13 de dezembro de 1944) foi umartista plástico russo, professor da Bauhaus e introdutor da abstração no campo das artes visuais. Apesar da origem russa, adquiriu a nacionalidade alemã em 1928 e a francesa em 1939.[1]

Vida[editar | editar código-fonte]

Nascido na cidade de Moscou, em 16 de dezembro de 1866, Wassily Kandinsky passou grande parte da infância em Odessa. Filho de pais divorciados, ele foi educado pela tia. De volta à capital russa, estudouDireito e Economia na Universidade de Moscou, chegando a diplomar-se em Direito aos 30 anos, porém desistiu dessa carreira.

Os primeiros anos em Munique[editar | editar código-fonte]

Kandinsky se casou em 1892 com a sua prima Anya Chimiakin, que o acompanhou, em 1896, quando ele se transferiu para Munique, iniciando os seus estudos em pintura .
O estilo da escola de Ažbè desiludiu Kandinsky, que preferia pintar paisagens coloridas ao ar livre, em vez de modelos "mal cheirosos, apáticos, inexpressivos, geralmente destituídos de caráter".[2]
Após vinte anos, o pintor tentou, sem sucesso, inscrever-se num curso ministrado por Franz von Stuck. Um ano depois, ingressou finalmente no curso, que frequentou até 1900. Em maio de 1901, Kandinsky foi um dos fundadores da Sociedade Artística Phalanx e lecionou na escola fundada pouco tempo depois pela sociedade. Uma das suas alunas foi Gabriele Münter, que viria a ser sua companheira até 1917. Kandinsky separou-se de Anya Chimiakin em 1916.
Fuga, Kandinsky, 1914, óleo sobre tela

O início do abstracionismo[editar | editar código-fonte]

Na década de 1910, Kandinsky desenvolveu seus primeiros estudos não figurativos - sendo por isso considerado o primeiro pintor ocidental a produzir uma tela abstrata. Algumas das suas obras dessa época, a exemplo de "Murnau - Jardim 1" (1910) e "Grüngasse em Murnau" (1909), mostram a influência dos verões que Kandinsky passava em Murnau, notando-se um crescente abstracionismo nas suas paisagens.
Outra influência nas suas pinturas foi a música do compositor Arnold Schönberg, com quem Kandinsky manteve correspondência entre 1911 e 1914.

O período da Primeira Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]

Quando explode a Primeira Guerra Mundial, Kandinsky é forçado a abandonar a Alemanha, partindo para a Suíça, acompanhado por Gabriele Münter em 3 de agosto de 1914, esperando que conflito terminasse rapidamente. Quando isso não se concretizou, o artista voltou à Rússia, separando-se de Münter, a 16 de novembro do mesmo ano. Aproveitando uma exposição em Estocolmo em 1916, Kandinsky permanece na Suécia, onde conhece a sua terceira companheira, a russa Nina de Andreewsky. Com o advento da Revolução Russa, em 1917, volta à Rússia, interessado e esperançoso nos rumos do país. Porém, por discordar da política cultural oficial que passa a orientar a produção artística russa, o pintor retorna à Alemanha em 1921.

A Bauhaus e últimos anos[editar | editar código-fonte]

Em constante contato com as vanguardas artísticas, Kandinsky leciona na Bauhaus até 1933, quando a escola é fechada pelo governo nazista. O artista decide então transferir-se para Paris, onde permanecerá até o fim de sua vida, em 1944. Encontra-se sepultado no Cimetière ancien de Neuilly-sur-Seine.[3]
Desenvolveu a arte abstrata até o final de sua vida. Com Piet Mondrian e Kasimir Malevich, Wassily Kandinsky faz parte do "trio sagrado" da abstração.

Períodos artísticos[editar | editar código-fonte]

A criação de Kandinsky de trabalhos puramente abstratos seguiu um longo período de intenso desenvolvimento e amadurecimento do pensamento teórico baseado nas suas experiências pessoais artísticas. Chamou a esta devoção como beleza interior, fervor de espírito e uma necessidade funda de desejo espiritual, que foi o aspecto principal da sua arte.
Kandinsky aprendeu através de diversos recursos durante a sua juventude em Moscovo.Mais tarde na sua vida ele seria lembrado como sendo fascinado e estimulado pela cor como uma criança. O fascínio pelo simbolismo e psicologia da cor continuaram durante o seu crescimento, apesar de parecer nunca ter estudado arte. Em “Looks on the Past” ele relata que as casas e as igrejas eram decoradas com cores tão brilhantes que, uma vez lá dentro, teve a impressão de se estar a mover dentro de uma tela pintada. A experiência e o seu estudo sobre a arte do povo na região, em particular o uso de cores brilhantes sobre fundo negro, refletiu-se nos seus trabalhos mais recentes. Anos mais tarde, ele relacionou o ato de pintar para criar música na maneira que mais tarde viesse a ser mais reconhecido e escreveu “As cores são a chave, os olhos o machado, a alma é o piano com as cordas”.
Ele foi similarmente influenciado durante este período pela ópera de Richard Wagner Lohengrin com a qual ele sentiu que quebrou os limites da música e da melodia além do lirismo tradicional.
Kandinsky foi igualmente espiritualmente influenciado por Helena Petrovna Blavatsky (18311891), o mais importante exponente da Teosofia nos tempos modernos. A teoria teosófica solicitou que a criação é uma proporção geométrica, começando num único ponto. O aspecto criativo das formas é expressado por uma série descendente de círculos, triângulos e quadrados. Os livros de Kandinsky ecoam estes princípios básicos teosóficos.

O Cavaleiro Azul[editar | editar código-fonte]

Almanaque Der Blaue Reiterde 1912, capa de autoria de Wassily Kandinsky.
As pinturas de Kandinsky do período em que fez parte do grupo Der Blaue Reiter ("O cavaleiro Azul") (1911-1914), foram compostas por massas coloridas largas e bastante expressivas, avaliadas independentemente a partir de formas e linhas que já não serviam para delimitá-las. Estas seriam sobrepostas numa forma bastante livre para formar pinturas duma força extraordinária.
A influência da música foi bastante importante no nascimento da arte abstrata, como sendo abstrata por natureza, este não tenta representar o mundo exterior mas antes para expressar, numa maneira imediata, os sentimentos interiores da alma humana. Kandinsky às vezes usava termos musicais para designar o seu trabalho; ele chamou a muitas das suas pinturas espontâneas “Improvisações”, e “Composições” a outras muito mais elaboradas e trabalhadas em comprimento, um termo que ressoou nele como um orador.
Além da pintura Kandinsky desenvolveu a sua opinião como um teórico da arte. De facto, a influência de Kandinsky na história da arte do ocidente talvez resulte mais dos seus trabalhos teóricos do que propriamente das suas pinturas.
Ao mesmo tempo que escrevia “Do espiritual na Arte”, Kandinsky escreveu o Almanaque do Cavaleiro Azul, que serviram tanto como defesa e promoção da arte abstracta, assim como uma prova de que todas as formas de arte eram igualmente capazes de alcançar o nível da espiritualidade. Ele acreditava que a cor podia ser usada numa pintura como uma coisa autónoma e distanciada de uma discrição visual de um objecto ou de uma qualquer forma.
Escreveu poemas, que seguem o mesmo raciocínio desta fase.

O período de grande síntese (1934-1944)[editar | editar código-fonte]

Em Paris, Kandinsky estava bastante isolado, uma vez que a pintura abstracta - particularmente a pintura abstracta geométrica – não foi reconhecida, sendo as dos movimentos mais apreciados o Impressionismo e o Cubismo.Kandinsky viveu num pequeno apartamento e criou o seu trabalho num estúdio construído na sua sala de estar. Formas biomórficas com flexibilidade e contornos não geométricos apareceram nas suas pinturas; formas que sugerem organismos externamente microscópicos mas que expressam sempre a vida interior do artista. Ele usou a cor puras nas suas composições que evocavam a arte popular de Slavonic e que era similar a preciosos trabalhos de marca-de-água. Nas suas obras, ocasionalmente misturava também areia para dar a textura de granulado aos quadros.
Este período correspondeu, de facto, a uma vasta síntese do seu trabalho anterior, no quando ele usa todos os elementos, e até os enriquece. Em 1936 e 1939 ele pinta as suas duas ultimas grandes composições; Lonas particularmente elaboradas e lentamente rasgadas que ele não produziu por muitos anos. Composição IX é uma pintura com umas diagonais poderosas de alto contraste e cuja forma central da a impressão de um embrião humano no ventre.
Os pequenos quadrados de cores e as faixas coloridas parecem projectar contra o fundo preto da Composição X, como fragmentos de estrelas ou filamentos, enquanto hieróglifos com tons de pastel obrem o grande plano marrom, que parece flutuar no canto esquerdo superior da lona.
No trabalho de Kandinsky, algumas características são óbvias, enquanto certos toques são mais discretos e velados; isto servia para dizer que eles se revelavam só progressivamente àqueles que fazem um esforço para aprofundar a sua conexão com o seu trabalho. Pretendeu que as suas formas fossem subtilmente harmonizadas e colocadas, para ressoar com a própria alma do observador.

Poesia[editar | editar código-fonte]

Kandinsky também escreveu poemas brilhantes, abstratos, que fazem referência a cores e linhas, tais quais surgiam na percepção do artista. Sendo eminentemente vanguardistas, no entanto, seus poemas diferem de tudo quanto foi produzido por qualquer "ismo" em literatura ou poeta vanguardista conhecido, inclusive do trabalho poético de outros artistas predominantemente plásticos, tais como Picasso e Hans Arp, que tenderam a aderir, na escrita, a alguma vanguarda poética conhecida, como o Surrealismo.

Sobre Paul Klee

Paul Klee (Münchenbuchsee18 de dezembro de 1879 — Muralto29 de junho de 1940) foi um pintor e poeta suíço naturalizado alemão. O seu estilo, grandemente individual, foi influenciado por várias tendências artísticas diferentes, incluindo o expressionismocubismo, e surrealismo. Ele foi um estudante do orientalismo. Klee era um desenhista nato que realizou experimentos e dominou a teoria das cores, sobre o quê ele escreveu extensivamente. Suas obras refletem seu humor seco e, às vezes, a sua perspectiva infantil, seus ânimos e suas crenças pessoais, e sua musicalidade. Ele e o pintor russo Wassily Kandinsky, seu amigo, também eram famosos por darem aulas na escola de arte e arquitetura Bauhaus.

Primeiros anos e treinamento[editar | editar código-fonte]

Klee nasceu em Münchenbuchsee (próximo a Berna), Suíça, em uma família musical. Seu pai, o alemão Hans Klee, era professor de música no Seminário de Professores Hofwil, nas redondezas de Berna. Sua mãe, Ida Frick, treinava para ser uma cantora. Klee foi o segundo de dois filhos.
Klee se apresentou na arte e na cultura muito cedo. Aos sete anos, ele começou a tocar violino, e, aos oito, ele ganhou de sua avó uma caixa de giz. O que parece é que Klee foi igualmente talentoso na música e naarte. Nos seus primeiros anos, atendendo ao desejo dos pais, ele se concentrou para se tornar um músico, mas nos seus anos de adolescência, ele decidiu pelas artes visuais por acreditar que a música moderna, para ele, não tinha significado. Como um músico, ele tocou e se sentiu ligado emocionalmente às obras dos séculos XVIII e XIX, mas, como um artista, ele abriu caminho à liberdade para explorar idéias e estilos radicais. Aos dezesseis anos, os desenhos de paisagens de Klee já mostravam habilidade considerável.
Por volta de 1897, ele fundou um diário, que ele manteve até 1918, dando informações valorosas sobre sua vida e filosofia a pesquisadores. Durante seus anos na escola, ele desenhava em seus livros, enérgico – particularmente caricaturas –, e já demonstrava habilidade com linhas e volumes. Ele quase que não consegue ser aprovado nos exames finais do Gymnasium de Berna, onde ele se qualificou em humanas. Escrevendo em seu característico estilo ríspido e mordaz, ele escreveu: “Além do mais, é muito difícil alcançar exatamente o mínimo, e evolui em riscos.”. Todavia, além de seus profundos interesses em música e arte, Klee era um grande apreciador da literatura, e, mais tarde, se tornou em um escritor sobre a teoria e as estéticas da arte.
Em 1898, com a relutante permissão de seus pais, ele começou a estudar arte na Academia de Belas Artes em Munique, com Heinrich Knirr e Franz von Stuck. Ele se destacou em desenho, mas aparentemente não possuía qualquer senso natural de coloração. Ele relembrou: “No terceiro inverno, eu até mesmo entendi que eu provavelmente nunca aprenderia a pintar.”. Durante esta época de juventude aventureira, Klee passou a maior parte do tempo em bares e teve relações com mulheres e modelos de classe inferior. Ele teve um filho ilegítimo em 1900, que morreu várias semanas após o nascimento.
Após receber a formação em Belas Artes, Klee permaneceu na Itália por vários meses com seu amigo Hermann Haller. Eles ficaram em RomaFlorença, e Nápoles, e estudaram os mestres da pintura dos séculos passados. Ele exclamou: “O Fórum e o Vaticanofalaram para mim que o humanismo queria me sufocar”. Ele respondeu às cores da Itália, mas notou, com tristeza, “que um grande esforço me resta neste campo das cores”. Para Klee, a cor representava o otimismo e a notabilidade na arte, e tinha esperanças de aliviar a natureza pessimista que ele expressava em suas sátiras e burlescas em preto-e-branco. Ao voltar à Berna, ele viveu com seus pais por vários anos, assistindo lições de arte ocasionalmente. Em 1905, ele desenvolveu algumas técnicas experimentais, o que resultou em 67 obras incluindo o Retrato De Meu Pai (1906). Ele também completou um ciclo de 11 rascunhos em placas de zinco, as Invenções – suas primeiras obras a serem exibidas, nas quais ele ilustrava várias criaturas grotescas. Klee ainda estava dividindo seu tempo com a música, tocando violino em uma orquestra e escrevendo análises de concertos e peças de teatro.

Casamento e início de carreira[editar | editar código-fonte]

Klee se casou, em 1906, com a pianista bávara Lily Stumpf, com quem ele teve um filho chamado Felix Paul no ano seguinte. O casal viveu em um subúrbio de Munique, e, enquanto ela dava aulas de piano e fazia ocasionais apresentações, ele sustentava a casa e tendia a seu trabalho artístico. Ele tentou, sem sucesso, ser um ilustrador em uma revista. O trabalho artístico de Klee progrediu lentamente pelos próximos cinco anos, parcialmente por causa de que ele teve que dividir seu tempo com questões domésticas, e também porque ele tentou encontrar uma nova aproximação para sua arte. Em 1910, ele teve a primeira exibição exclusiva em Berna. No ano seguinte, ele criou algumas ilustrações para uma edição de Cândido de Voltaire. Naquele ano, ele conheceu Wassily KandinskyFranz Marc e outras figuras de vanguarda, associando-se ao grupo artístico conhecido como Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul).Porém mesmo se casando com uma mulher,nunca negou sua bissexualidade.
Ao se encontrar com Kandinsky, Klee relembrou: “Eu tive uma profunda sensação de confiança nele. Ele é alguém, e tem uma mentalidade excepcionalmente bela e lúcida.”. A associação abriu sua mente para as modernas teorias das cores. Suas viagens à Parisem 1912 também o expuseram ao cubismo e aos exemplos pioneiros da “pintura pura”, um antigo termo para se referir à arte abstrata. As cores fortes usadas por Robert Delaunay e Maurice De Vlaminck também o inspiraram. Ao invés de copiar estes artistas, Klee começou a trabalhar com seus próprios experimentos com cores em aquarelas pálidas e criou algumas paisagens primitivas, como In The Quarry (1913) e Houses Near The Gravel Pit (1913), usando blocos de cores com sobreposição limitada. Klee reconheceu que, para alcançar este “nobre e distante objetivo”, “um grande esforço me resta neste campo das cores”. Logo, ele descobriu “o estilo que conecta o desenho ao reino das cores”.
A explosão artística de Klee ocorreu em 1914, no ano em que ele fez uma breve visita à Tunísia com August Macke e Louis Moilliet e se impressionou pela qualidade da luz de lá. “A cor tomou posse de mim; eu não mais tenho que persegui-la, pois sei que ela está presa a mim para sempre… A cor e eu somos um. Eu sou um pintor.”. Com esta percepção, a fidelidade à natureza perde sua importância. Ao invés, Klee começa a se arraigar no “romantismo da abstração”. Klee consegue, com sucesso, sintetizar a cor às suas obras, e um dos exemplos mais literais desta síntese é O Bávaro Don Giovanni (1919).
Ao retornar para casa, Klee pintou o seu primeiro abstrato puro, No Estilo De Kairouan (1914), composto de retângulos coloridos e alguns círculos. O retângulo colorido passou a ser o seu bloco de construção básico, que alguns historiadores associam a uma nota musical, que Klee combinou com outros blocos coloridos para criar uma harmonia de cores análoga às composições musicais. A sua escolha de uma paleta de cores em particular emula uma chave musical. Às vezes, ele usava pares complementares de cores, e, em outras vezes, cores “dissonantes”, novamente refletindo a sua conexão com a musicalidade.
Semanas mais tarde, tem início a Primeira Guerra Mundial. No começo, Klee se sentia desassociado dela, como ele, ironicamente, escreveu: “Por muito tempo eu tive esta guerra em mim. Por isso que, agora, ela não é mais nada do meu interesse.”. Logo, porém, ela começou a afetá-lo. Seus amigos Macke e Marc morreram em combate. Tentando liberar seu desespero, ele criou vários litógrafos com temas de guerra como Morte Da Idéia (1915). Ele também continuou a criar obras abstratas e semi-abstratas. Em 1916, ele se juntou à guerra pela Alemanha, mas o seu pai o retirou da linha de frente, e ele terminou pintando camuflagens em aviões e trabalhando como escriturário. Por toda a guerra, ele continuou a pintar e conseguiu realizar várias mostras. Em 1917, as obras de Klee começaram a vender bem e os críticos de arte começaram a aclamá-lo como o melhor entre os novos artistas alemães. Em Ab Ovo (1917), a sua técnica sofisticada é particularmente notável. Ele emprega aquarela em gaze e papel com chão de giz, produzindo uma rica textura de padrões triangulares, circulares e crescentes. Demonstrando sua dimensão de explorações, misturando cores e linhas, o seu Warning Of The Ships (1918) é um desenho colorido preenchido de imagens simbólicas em um campo de coloração suprimida.

Maturidade na carreira[editar | editar código-fonte]

Em 1920, Klee tentou uma vaga de instrutor na Academia de Arte de Düsseldorf. Ele não conseguiu, mas teve grande sucesso ao assegurar um contrato de três anos (com um recebimento mínimo anual) com o curador Hans Goltz, cuja influente galeria deu grande exposição a Klee, e, também, sucesso comercial. Uma retrospectiva de mais de 300 obras em 1920 também foi notável.
Klee deu aulas na Bauhaus, escola de arte fundada em 1919 com o objetivo de unir artes e ofícios em apenas uma instituição. Klee era um mestre de colagens, vitrais, e murais. Ele ganhou dois estúdios. Em 1922Kandinsky se juntou à equipe e restaurou a sua amizade com Klee. Mais tarde no mesmo ano, foi realizada a primeira mostra e festival da Bauhaus, para qual Klee criou vários materiais de divulgação. Dentro da Bauhaus ocorriam vários conflitos entre teorias e opiniões, conflitos estes muito bem-vindos por Klee: “Eu também aprovo estas competições de forças se o resultado for uma façanha”.
Klee também era um membro da Die Blaue Vier, ao lado de Kandinsky, Feininger, e Jawlensky; formada em 1923, eles palestravam e realizavam mostras juntos nos Estados Unidos, em 1925. Naquele mesmo ano, Klee teve as suas primeiras mostras em Paris, e se tornou um sucesso entre os surrealistas franceses. Klee visitou o Egito em 1928, mas não se impressionou tanto quanto na viagem à Tunísia. Em 1929, foi publicado o primeiro e principal monógrafo das obras de Klee, escrito por Will Grohmann.
Quase que desde o começo, o movimento nazista denunciou a Bauhaus por sua “arte degenerada” e, em 1933, a Bauhaus foi finalmente fechada. Os migrantes, porém, conseguiram disseminar os conceitos da Bauhaus para outros países, incluindo a Nova Bauhaus em Chicago. Klee também deu aulas na Academia de Düsseldorf entre 1931 e 1933, aparecendo em um jornal nazista. Sua casa foi vasculhada e ele foi demitido de seu trabalho. O seu auto-retrato Riscado Da Lista (1933) relembra a triste ocasião. Em 1933-1934, Klee realizou exposições em Londres e em Paris, finalmente conhecendo Picasso, a quem ele tanto admirava. A família Klee seguiu para a Suíça no final de 1933.
Klee estava no auge de sua criatividade. Ad Parnassum (1932) é considerada como a sua obra-prima e o melhor exemplo de seu estilo pontilhista; ela é, também, uma de suas maiores e mais bem-acabadas pinturas. Ele produziu aproximadamente 500 obras em 1933 durante seu último ano na Alemanha. Porém, em 1933, Klee começou a sofrer sintomas do que foi diagnosticado como esclerodermia após sua morte. A progressão de sua doença fatal, que dificultava engolir, pode ser acompanhada através da arte que ele criou nos seus últimos anos. Seu nível de criação em 1936 era de apenas 25 pinturas. No final da década de 1930, sua saúde recuperou significantemente e ele foi encorajado por uma visita de Kandinsky e Picasso. O design mais simplificado de Klee o permitiu que ele aumentasse o nível de criação nos seus últimos anos, e, em 1939, ele criou mais de 1.200 obras. Ele usou linhas mais pesadas e deu predominância às formas geométricas, com poucos, porém maiores blocos de cor. Suas variadas paletas de cores, algumas com cores brilhantes e outras sóbrias, talvez refletissem o seu humor alternando entre o otimismo e o pessimismo. Ao voltar à Alemanha em 1937, 17 das pinturas de Klee foram incluídas em uma exibição de arte degenerada e 102 de suas obras em coleções públicas foram apreendidas pelos nazistas.
Klee morreu em MuraltoLocarnoSuíça, em 1940, sem conseguir a cidadania suíça, mesmo tendo nascido naquele país. Seu trabalho artístico era considerado revolucionário demais, ou mesmo degenerado, pelas autoridades suíças, mas, com o tempo, eles aceitaram sua solicitação seis dias após sua morte. Sua herança é composta de, aproximadamente, 9.000 obras de arte.

Estilo e métodos[editar | editar código-fonte]

Klee já foi associado ao expressionismocubismofuturismosurrealismo, e abstracionismo, mas suas imagens são difíceis de serem classificadas. Geralmente, ele trabalhava isolado da vista dos demais, e interpretava as novas tendências artísticas de sua própria maneira. Extraordinariamente inventivo em seus métodos e técnicas, Klee trabalhou com vários materiais diferentes – tinta a óleo, aquarela, tinta preta, rascunho, e outros. Na maioria das vezes, ele combinava esses materiais em uma só obra. Ele usava tela, estopa, musselina, linho, gaze, papel-cartão, limalha, tecido, papéis de parede, e papel-jornal. Klee fazia uso de pintura a esguicho (spray), recortes com facas, carimbos e verniz, e misturava, por exemplo, óleo com aquarela ou aquarela com caneta e tinta indiana.
Ele era um desenhista nato, e, através de seus extensivos experimentos, desenvolveu um domínio da cor e da tonalidade. A maioria de seus trabalhos combina estas habilidades. Ele usa uma grande variedade de paletas de cores, que seguem desde o quase monocromático até ao altamente policromático. Usa frequentemente formas geométricas, além de letras, números, e setas, e as combina com figuras de animais e de pessoas. Algumas obras eram completamente abstratas. Grande parte de suas obras e seus títulos refletem seu humor seco e seus ânimos variados; algumas expressam convicções políticas. Suas obras aludem, freqüentemente, à poesia, à música e aos sonhos, e, às vezes, incluem palavras ou notações musicais. Suas últimas obras são distintas por símbolos “hieroglíficos”. Rainer Maria Rilke escreveu sobre Klee em 1921: “Mesmo se você não tivesse me contado que ele toca violino, eu teria adivinhado isto em várias ocasiões em que seus desenhos eram transcrições da música”.

Legado[editar | editar código-fonte]

Conforme Klee aprendia a manipular as cores com grande habilidade e paixão, ele se tornou em um efetivo instrutor de mistura de cores e da teoria das cores na Bauhaus. Esta progressão em si é muito interessante porque os seus pontos de vista sobre as cores o permitiriam, no final, a escrever sobre isto a partir de um único ponto de vista entre seus contemporâneos.
Uma das pinturas de Klee, Angelus Novus, foi alvo de interpretação pelo filósofo alemão e crítico literário Walter Benjamin, quem comprou a pintura em 1921. Em sua Tese Sobre A Filosofia Da História, Benjamin sugere que o anjo ilustrado na pintura possa ser visto como algo representando o progresso na história.
Em 1938, a Steinway fabricou uma série de pianos em homenagem a Paul Klee, e comemorando a forma com a qual Klee havia unido as formas de arte musical e visual. Apenas 500 pianos foram produzidos nesta série, sendo que Vladimir Horowitz foi um dos que adquiriram o piano. Paul Klee descreveu a série como “uma grande honra e privilégio. Esta homenagem afirmou o trabalho de minha vida.”.
Hoje, uma pintura de Paul Klee pode ser vendida por mais de $7.5 milhões de dólares americanos.
Um museu dedicado a Paul Klee foi construído pelo arquiteto italiano Renzo Piano em BernaSuíça. O Zentrum Paul Klee foi inaugurado em junho de 2005 e agrupa uma coleção de cerca de 4.000 obras do artista.
Outra coleção substancial das obras de Klee era propriedade do químico e dramaturgo Carl Djerassi que legou ao Museu de Arte Moderna de São Francisco onde se encontra em exposição.

Galeria[editar | editar código-fonte]

Obras feitas pelo artista.